MENSAGEM DO ARCEBISPO

 
MENSAGEM DE ABERTURA DO ANO NACIONAL MARIANO
NA ARQUIDIOCESE DE RIBEIRÃO PRETO
Aos Presbíteros, Diáconos, Religiosos, Religiosas e aos féis leigos e leigas de nossa
amada Arquidiocese de Ribeirão Preto.

No dia da grande solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, Senhora e Mãe de cada um de nós, saúdo a todos, atendendo à convocação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, para a instituição do Ano Nacional Mariano, a ser iniciado aos 12 de outubro de 2016 e concluído aos 11 de outubro de 2017 em todo o Brasil em comemoração aos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora nas águas do rio Paraíba do Sul.

Exorto que em todas as Paróquias, Comunidades e Capelas de nossa Arquidiocese, este ano seja uma ocasião para celebrar, fazer memória e agradecer a Deus que “ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”.

Todas as famílias e comunidades sintam-se convidadas a participar intensamente das atividades deste Ano a serem propostas pela Comissão Arquidiocesana do Ano Mariano. Que seja uma ocasião de “reaprender com Nossa Senhora como seguir Jesus Cristo e a como ser cristão hoje.”

Que a companhia e a proteção de Nossa Senhora Aparecida, ajude nossa Arquidiocese a não desanimar mediante o insucesso das pescarias, mas nos impulsione a acreditar que, como nos ensina o Papa Francisco, “o resultado do trabalho pastoral não se assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor”.

Que a bênção e a proteção de Deus, pelas mãos carinhosas de Nossa Senhora, desça copiosa sobre cada um de vocês, suas famílias, Paróquias e comunidades.

DOM MOACIR SILVA
Arcebispo Metropolitano



O Dízimo na comunidade de fé
 
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sua 52ª Assembleia Geral, em 2014, retomou a reflexão sobre o dízimo; em 2016, na 54ª Assembleia Geral, os Bispos refletiram e enriqueceram o texto apresentado por uma comissão especial para este tema; e também delegaram ao Conselho Permanente da CNBB a aprovação do documento: “O Dizimo na Comunidade de fé – Orientações e Propostas”, o que aconteceu nos dias 14 a 16 de junho p.p.
Num primeiro momento, o documento chama a atenção para uma melhor compreensão do dízimo, refletindo sobre o que é o dízimo; quais são os seus fundamentos: bíblicos, teológicos e eclesiais, e quais as suas dimensões e finalidades.
O número 6 define: “O dízimo é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. Ele pressupõe pessoas evangelizadas e comprometidas com a evangelização”.
A falar dos fundamentos bíblicos do dízimo, o texto parte da Revelação divina e perpassa os diversos momentos da História da Salvação, lembrando que Deus é o Senhor de tudo o que existe e o dízimo é um reconhecimento de que tudo vem dele; lembra que a primeira referência ao dízimo aparece em Gênesis 14, 17-20, no ciclo dos patriarcas. Depois o texto vai mostrando a visão do dízimo no tempo de Moisés, dos reis e profetas, até chegar a Jesus Cristo nos evangelhos. “A partilha dos bens, praticada pelos discípulos de Jesus, mesmo não sendo formalmente chamada de dízimo, é o referencial mais importante para a sua compreensão. Os evangelhos narram a experiência de pessoas que tiveram a graça de encontrar Jesus e decidiram entregar parte de seus bens para o Senhor. Destacam-se as discípulas que o ‘ajudavam com seus bens’ (Lc 8,1-3). Entre os discípulos de Jesus havia uma ‘bolsa comum’ (Jo 13,29). A eles, Jesus apresentou o exemplo da viúva pobre que ofereceu suas duas moedinhas, ‘tudo o que dispunha para viver’ (Mc 12,41-44)” (20).
Depois o texto desenvolve as dimensões do dízimo. “A primeira dimensão do dízimo é a religiosa: tem a ver com a relação do cristão com Deus. Contribuindo com parte de seus bens, o fiel cultiva e aprofunda a sua relação com Aquele de quem provém tudo o que ele é e tudo o que ele tem, expressando, na gratidão, sua fé e sua conversão” (29). “O dízimo também tem uma dimensão eclesial. Com o dízimo, o fiel vivencia sua consciência de ser membro da Igreja, pela qual é corresponsável, contribuindo para que a comunidade disponha do necessário para a realização do culto divino e para o desenvolvimento de sua missão” (30). “O dízimo tem uma dimensão missionária. O fiel, corresponsável por sua comunidade, toma consciência de que há muitas comunidades que não conseguem prover suas necessidades com os próprios recursos e que precisam da colaboração de outras. O dízimo permite a partilha de recursos entre as paróquias de uma mesma Igreja particular e entre as Igrejas particulares, manifestando a comunhão que há entre elas” (31). Por fim, o dízimo tem ainda uma dimensão caritativa, que se manifesta no cuidado com os pobres, por parte da comunidade. Uma das características das primeiras comunidades cristãs era de que ‘não havia necessitados entre eles’, pois tudo ‘era distribuído conforme a necessidade de cada um’ [At 4,34 e 35]” (32).
Em seguida o documento apresenta as finalidades do dízimo: Organizar o culto divino, prover o sustento do clero e dos demais ministros, praticar obras de apostolado, de missão e de caridade, principalmente em favor dos pobres.
Depois, o documento apresenta as orientações. “Em seis seções, estas orientações procuram abranger os vários aspectos da Pastoral do Dízimo. Tratam com especial atenção a relação entre a Pastoral do Dízimo e a pastoral de conjunto. A Pastoral do Dízimo é a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para a implantação e o funcionamento do dízimo, e acompanhar os membros da comunidade no que diz respeito a sua colaboração, em sintonia com a pastoral de conjunto na Igreja particular” (36 e 37).
A nossa 14ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral assumiu como perspectiva de ação a implantação da Pastoral Arquidiocesana do Dízimo (cf. DAEARP, p. 12, letra e). O documento “O Dizimo na Comunidade de fé – Orientações e Propostas” será um instrumento muito importante para a execução desta perspectiva de ação, em nossa Igreja Particular.
 
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

CRISTO RESSUSCITOU. ALELUIA!



Cristo ressuscitou. Aleluia!

Neste tempo pascal, somos convidados a mergulharmos mais profundamente no mistério da Ressurreição do Senhor, deixemo-nos envolver por este mistério. O Papa emérito Bento XVI, no seu livro “Jesus de Nazaré – Parte II: Da entrada a Jerusalém até a Ressurreição” diz: “Somente se Jesus ressuscitou é que aconteceu algo de verdadeiramente novo, que muda o mundo e a situação do homem. Então, Ele, Jesus, torna-Se o critério em que nos podemos fiar; porque, então, Deus manifestou-Se verdadeiramente” (p. 198). Mais adiante, ele afirma: “Na ressurreição de Jesus, foi alcançada uma nova possibilidade de ser homem, uma possibilidade que interessa a todos e abre um futuro, um novo gênero de futuro para os homens” (p. 199). Abre, portanto, a vida eterna para o ser humano, pois com a ressurreição de Jesus  a morte não tem  mais a última palavra.

Agora, olhemos o tema da ressurreição de Jesus no Catecismo da Igreja Católica, que “é texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica” (São João Paulo II, Constituição Apostólica Fidei Depositum). Afirma o Catecismo: “A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada, juntamente com a Cruz como parte essencial do Mistério Pascal” (CIgC, 638).

“O    mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Já S. Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano 56: ‘Eu vos transmiti... o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e  depois aos Doze’ (1Cor 15, 3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo após  sua  conversão  às  portas  de Damasco” (CIgC, 639).

“A  Ressurreição  de Cristo não constituiu uma volta à vida terrestre, como foi o caso das ressurreições que Ele havia realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro...  A Ressurreição de Cristo é essencialmente  diferente.  Em  seu   corpo  ressuscitado, ele passa de um estado de morte para outra vida, para além do tempo e  do   espaço.   Na Ressurreição,  o  corpo  de  Jesus é repleto  do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado de sua  glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de ‘o homem celeste’” (CIgC, 646).

“A Ressurreição constitui antes de mais  nada  a confirmação de tudo o que  o  próprio   Cristo fez e ensinou... A  Ressurreição  de  Cristo   é    cumprimento  das   promessas do Antigo Testamento e do próprio Jesus durante sua   vida  terrestre.   A   expressão ‘segundo  as Escrituras’ indica que a Ressurreição de Cristo realiza essas predições” (CIgC, 651 e 652).

“A verdade da divindade de Jesus é confirmada   por  sua  Ressurreição. Dissera Ele: ‘quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU’ (Jo 8,28). A Ressurreição do Crucificado demonstrou que ele era verdadeiramente ‘Eu Sou’, o Filho de Deus e Deus mesmo” (CIgC, 653).

Lembremos ainda que “há um duplo aspecto no Mistério Pascal: por sua Morte Jesus nos libertou do pecado, por sua Ressurreição Ele  abre  as   portas de uma vida nova” (CIgC, 654).

Não  nos  esqueçamos de que “a Ressurreição de Cristo – e o próprio Cristo  ressuscitado –  é princípio  e fonte  de nossa ressurreição futura: ‘Cristo ressuscitou dos mortos, primícias  dos  que   adormeceram... assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão a vida [1Cor 15, 20-22]’. Na expectativa desta realização, Cristo ressuscitado  vive   no coração de seus fiéis” (CIgC, 655). 

Vivamos intensamente as riquezas espirituais deste tempo pascal.

Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano

Igreja-Hoje - Abril 2016